Morte de jovem de 25 anos traz alerta sobre uso de narguilé
A jovem Nayara Moura, de 25 anos, morreu na última segunda-feira (1), em Dourados, vítima de câncer de pulmão causado por uso de narguilé. Ela era de Tangará da Serra (MT) e ficou famosa nas redes sociais por expor sua luta contra a doença e conscientizar os jovens sobre o uso do narguilé.
Nayara descobriu o primeiro câncer aos 22 anos, quando começou a ter febre, tosse, perder peso e sentir falta de ar.
“Eu nunca fui fumante, eu usava muito o narguilé aos finais de semanas, em festinhas. Sempre tinha, eu sempre estava usando. Comecei a ter muitas tosses quando eu usava o narguilé, mas na minha cabeça, nunca que seria ele [narguilé] que estaria me fazendo mal” dizia ela em suas redes sociais.
Após o tratamento, o câncer foi vencido e ela se considerava curada. Porém, em junho do ano passado, Nayara recebeu a notícia de que enfrentaria, novamente, um câncer de pulmão.
“Ah se eu pudesse voltar atrás, ah se eu tivesse ouvido os meus pais quando me diziam o quanto o famoso narguilé me faria mal… ah se eu pudesse…mas eu não posso. Sabe de uma coisa eu não consigo entender o porquê insistimos em coisas que só nos fazem mal”, disse ela em uma outra postagem.
Os riscos do narguilé
Um estudo publicado na Public Health Reports, em 2016, comprovou que o uso do narguilé expõe uma pessoa a níveis muito maiores de substâncias tóxicas que o cigarro. De acordo com o estudo, uma sessão de narguilé expõe uma pessoa cerca de 2,5 mais vezes à nicotina do que o cigarro.
“Um dos maiores problemas do narguilé é a longa exposição ao tabaco. Dependendo do tamanho do aparelho e da durabilidade da sessão, o ato pode equivaler a fumar mais de 100 cigarros. Além disso, o produto tem nicotina, uma substância que causa dependência muito rapidamente. Logo o corpo vai pedir por mais e passar do narguilé para outros produtos do tabaco, como o cigarro, é um pulo”, aponta a doutora Liz Almeida do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Estudos associam o uso de narguilé ao desenvolvimento de câncer de pulmão, doenças respiratórias, doença periodontal (da gengiva). Em longo prazo, seu consumo pode causar câncer de pulmão, boca e bexiga, aterosclerose e doença coronariana. Mas os riscos do uso do narguilé não estão somente relacionados ao tabaco, mas também a doenças infectocontagiosas: compartilhar o bocal entre os usuários pode resultar na transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose.